Por e-mail é mais rápido; cara a cara é melhor

17-03-2010 15:22
Joe Sharkey - Folha de S. Paulo (The New York Times)
 
O verbete do "Webster" on-line sobre emoticons diz que esses símbolos tipográficos que aparecem em mensagens de e-mail "visam representar uma expressão facial e transmitir o tipo de emoção que o texto simples não transmite".

Os emoticons podem funcionar bem nas comunicações pessoais. Mas Don G. Lents, presidente do escritório internacional de direito Bryan Cave, disse que não gosta de vê-los em comunicações de negócios. Se você depende de um rosto sorridente para comunicar uma ideia a um cliente ou colega distante, diz ele a advogados jovens de sua empresa, provavelmente deveria afastar-se do teclado, embarcar em um avião e comunicar-se pessoalmente.

Isso vale especialmente se a comunicação envolve qualquer espécie de desavença ou litígio.

Lents aconselha: "Nunca se deve participar de um litígio eletronicamente. Se você vai discordar de alguém, com certeza não vai querer fazer isso por e-mail e, se possível, nem mesmo pelo telefone. O ideal é fazer isso cara a cara com a pessoa".

Esse tipo de conselho pode custar dinheiro a uma empresa. Mas também reflete uma divisão cultural sutil entre pessoas cujas carreiras foram passadas na estrada, e outras -normalmente funcionários mais jovens- que se sentem mais à vontade com comunicações eletrônicas, quer sejam e-mails, ou, cada vez mais, videoconferências.

Advogado que ganhou experiência inicial no campo de aquisições e fusões empresariais, Lents, 60, disse que acredita na tecnologia de comunicações. Seu uso apropriado pode tornar desnecessárias algumas viagens a trabalho, disse ele, e também pode fazer você ser mais produtivo durante as longas horas passadas aguardando em aeroportos.

"Não há dúvidas de que viajar hoje em dia está mais difícil do que era", graças a constantes atrasos nos voos e medidas de segurança, disse ele.
Isso é dito por alguém que viaja tanto na companhia aérea que mais utiliza, a American Airlines, que faz parte de seu programa Concierge Key -o status de superelite, obtido por convite apenas, que gerou muitos comentários recentes por ser citado por George Clooney em seu papel de intransigente viajante de negócios no filme "Amor Sem Escalas".

Os voos feitos a negócios tiveram queda acentuada nos EUA no ano passado, principalmente devido à fraqueza da economia. Ao mesmo tempo, o setor crescente das videoconferências diz que, cada vez mais, as comunicações remotas tomam o lugar das viagens. Ninguém duvida disso, embora a maioria dos dados a respeito venha de relatos pessoais.

Segundo a American Express, as viagens a negócios para empresas parecem ter se estabilizado no quatro trimestre do ano passado.

Pessoas experientes em viagens a negócios, como Lents, dizem estar incentivando funcionários mais jovens a "refletir sistematicamente" sobre como equilibrar comunicações à distância com a necessidade de às vezes fazer negócios pessoalmente. Entre seus 2.200 funcionários em EUA, Ásia e Europa, a Bryan Cave tem mais de mil advogados e profissionais de direito.

"Essa é uma mensagem importante que nem sempre é recebida naturalmente pelos jovens de hoje, que cresceram tendo boa parte de suas comunicações feitas por e-mail", disse ele. "Digo a nossos advogados jovens: ’Ao prever que vai ter uma interação difícil com um colega ou cliente, se puder ter essa interação cara a cara será melhor, para poder interpretar a linguagem corporal da outra pessoa e outros sinais sociais’."

"Com mensagens de texto, e-mails ou mesmo videoconferências, nem sempre é possível avaliar a reação do outro, e cresce a possibilidade de ocorrer um mal-entendido ou de as coisas chegarem a um grau de gravidade que você não tinha previsto", acrescentou Lents. "Pessoalmente, você pode ver [seu interlocutor] reagindo de maneira que não esperava. Daí você pode parar, tentar entender o que está acontecendo e, então, se adaptar."
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